Entrevista

Entrevista com Allison Balcetis sobre o Curto-Circuito Internacional de Saxofone que acontecerá de 11 a 15 de Agosto, em São Paulo e Campinas.
<<english version of the interview>>

O que te atrai à prática de música contemporânea e o seu repertório?

- Um número de coisas. Embora eu mesma não componha, adoro estar o trabalho atrás das cortinas--ouvindo sobre as ideias iniciais, dando concelhos, ajudando e tocando as primeiras versões de um trabalho. Eu gosto muito de tomar parte no processo criativo. Logo cedo no estudo do saxofone, eu percebi que não haviam muitas grandes peças nos repertório clássico do instrumento, e o jazz também não atraia de maneira maneira que eu pudesse dedicar toda minha vida a ele--foi assim que eu descobri a música contemporânea, enquanto estudava com John Sampen na Bowling Green State University. Até por uma necessidade, o repertório para saxofone estava crescendo muito já que o instrumento é relativamente jovem e as opções, escassas. Não foi até a década de 70 que os compositores realmente começaram a prestar atenção na capacidade e nas qualidades essenciais do instrumento. Filosóficamente, também, sempre me atraí por essa região limítrofe da cultura, de lutar batalhas "improváveis". A natureza desafiadora dessa música me atrai. É importante desafiar o senso estético das pessoas e ir atrás das perguntas difíceis como "seria isso música?" Precisamos mesmo que tudo seja "belo"?

Você parece ser uma pessoa que valoriza muito a colaboração artística. Por quê?

- Basicamente, como interprete, eu vejo que colaboração é um ponto chave. O ato de escrever suas ideias no papel, entregá-lo a alguém e esperar que essa pessoa saiba exatamente o que você quer, é, acho eu, um enorme desafio. Essa dificuldade, porém, diminui muito quando ambos os envolvidos podem simplesmente... conversar. Pessoalmente, eu gosto muito de revelar aos compositores, muitas vezes novos ao instrumento, as possibilidades que o saxofone contém: tímbres, alcance, recursos, tudo. Eu sinto que trabalhos que são fruto de colaboração tendem a ser muito mais idiomáticos, algo que eu valorizo imensamente.

Você já veio para o Brasil alguma vez? O que você imagina que irá encontrar?

- Eu nunca estive na América do Sul! Me sinto bastante feliz e honrada por, logo de cara, estar envolvida com tantos artistas e tanta cultura. Eu já vi muito sobre o Brasil em programas de viagem, então também estou na expectativa de experimentar a comida, os temperos e, quem sabe, uma ou duas caipirinhas!


Apoio:
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CIDDIC e Instituto de Artes, Unicamp
Escola Livre de Música, ULM
Grupo de Vésperas, CMU, USP